"O Novo Rumo" socialista
Os primeiros cartazes do Partido Socialista indicam que os markteiros do PS (os sucessores de Edson Atayíde) querem que José Sócrates representem "um rumo" retornado. Como já se viu nas listas do PS, o "novo rumo" é o rumo do II Governo Guterres, com os mesmos, até nas novidades (exemplo, Luís Braga da Cruz), que, recorde-se, prometeu em Janeiro de 2002 (pelo então Ministro das Finanças, Guilherme Oliveira Martins) que o défice desse ano seria de 1,1% do PIB. Recorde-se que o défice apurado desse ano (e que nos valeu uma sanção em Bruxelas e o risco de perda dos fundos estruturais, que ainda mantêm a economia portuguesa como competitiva e permite a nossa evolução como sociedade ocidental) passou os 4,5% do PIB. Uma diferença de mais de 3800 milhões de Euros, 560 milhões de contos. Foi uma mentira grave e que, muito provavelmente, custou o emprego a António Guterres. Porque se o PS (que ainda é o actual PS) tivesse dito a verdade, talvez o Orçamento de Estado 2002 fosse mais restritivo, fosse mais realista e isso teria atenuado a derrota socialista nas municipais de Dezembro desse ano, onde, recorde-se o PS perdeu dois bastiões urbanos, tradicionalmente de esquerda para os actuais nº1 e nº2 do PSD, Pedro Santana Lopes e Rui Rio, dois políticos mais de direita do que do centro político. E isso teria evitado a demissão do "pantâno" , em directo, em noite eleitoral, deixando atónitos (ficou para a história o plano da jornalista Anabela Neves, na SIC, com uma cara do estilo "o que é que eu faço agora?") e abandonados todos os que acreditaram na solução Guterres. Pois, é este PS, o mesmo PS de 2002, agravado sem a combatividade do sector esquerdista do partido (ex. Ferro Rodrigues e Manuel Alegre) que pede agora uma maioria absoluta dos votos aos portugueses. É este PS que pede para uma figura que nunca ocupou nenhum cargo relevante (sejamos claros, o Ministério do Ambiente nunca foi um ministério de topo em Portugal - e, infelizmente, diga-se) o poder quase absoluto. É este PS que a 40 dias das eleições não dá uma única ideia para solucionar a crise das contas públicas (estancada por Manuela Ferreira Leite e agravada por Bagão Félix). É este PS, que soube distribuir a riqueza produzida da obra feita de Cavaco que agora não vai saber gerir uma crise, porque o seu estilo de governação baseia-se em mecanismos como o RMG e as SCUT, que, por boas ideias teóricas que sejam, não têm aplicação prática, sem ser ao custo de todos os portugueses e das futuras gerações. É o mesmo PS despesista, é o mesmo PS da "tralha guterrista", que Portugal deve, sem sombra para dúvidas, negar a possibilidade de uma maioria absoluta dos votos e de mandatos na Assembleia a 20 de Fevereiro. Pelo bem de Portugal, para daqui a um ano ou dois não estarmos a disputar novas eleições, porque José Socrátes não aguentou o barco, que vai estar muito instável, porque as 5 eleições principais (Presidenciais, Europeias, Legislativas, Municipais e Regonais) vão-se disputar num período de 20 meses (de Junho de 2004 a Janeiro de 2006). Vem aí tempos muito turvos, para os quais o PS não é a melhor solução. Resta saber se é a solução possível, mas a isso voltarei mais tarde, em novo artigo desta série "Portugal a Caminho de Eleições", quando falar do PSD e das dúvidas que ainda tenho sobre este.
sábado, janeiro 22, 2005
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