sábado, janeiro 22, 2005

Portugal a Caminho de Eleições - VI

O PSL/PPD/PSD/MPT/PPM

Nunca, na história democrática portuguesa o Partido Social Democrata partiu em tão clara desvantagem para umas Eleições Gerais. Agarrado a um líder frouxo, sem cariz para ser Primeiro-Ministro, e delapidado do poder a meio do seu mandato (quando era matriz Barrosista, que os dois primeiros anos seriam para as medidas duras e o 3º e 4º anos da Legislatura para colher os louros das louros das políticas seguidas) pelo Presidente Sampaio, o Partido vê-se numa situação que tem dupla maldade: irá para a oposição, e não estará representado no Parlamento, porque as listas para a Assembleia não são as listas do PSD, mas sim do PSL (chame-se Partido Social Liberal ou Partido do Santana Lopes) já que são mais que muitos os exemplos de lugares elegíveis que eram do PSD e passaram para esse clube de 20 ou 30 pessoas que fazem o círculo próximo do Primeiro-Ministro. Pedro Santana Lopes tem o duplo dom de, com esta medida, se circundar no Parlamento dos seus amigos e de fazer a vida muito díficil ao próximo líder laranja, já que este (como sucedeu com Marcelo Rebelo de Sousa, antes de 1999) não será deputado e não terá ali a sua tribuna de oposição ao governo Socialista (o único potencial líder do PSD que será deputado, porventura, é Luís Marques Mendes) o que pode dificultar a vida ao PSD, mas sobretudo ao Governo-eleito, pois terá uma oposição vinda de fora de um hemiciclo que aos olhos dos portugueses está desacreditado e a quem, no dia-a-dia, ninguém liga nenhuma. Não acreditando eu, que mesmo num cenário de maioria absoluta PS, o próximo governo dure os 4 anos - por incapacidade de Sócrates e da tralha guterrista que em cenário de "empate + 1" (D. Campelo) não acabou a Legislatura, o próximo líder laranja terá de renovar o Partido fora do Parlamento para o preparar para eleições em 2006/2007, onde, num cenário em que o PSL deu lugar ao PSD (numa substituição que pode ser potenciada pela candidatura de Cavaco à Presidência) se dará a alternância democrática rotativista entre Rosa e Laranja que o nosso jogo político propricia. Adende-se a isto que o novo líder não deverá ter Paulo Portas à perna nessas eleições, uma vantagem face a um PS que estará de saída do Poder. Dizia, num comentário, o meu querido colega e amigo José Coelho que o pior PSD será sempre melhor que o PS, ainda para mais este PS. Totalmente de acordo. Mas o problema é que não é o PSD que se apresenta a eleições. É essa massa política de amigos de Santana e fadistas que deixou esquecer o (goste-se ou não - e veja-se que Sócrates é agora - ó ironia - o seu principal defensor) legado do verdadeiro PSD de Manuela Ferreira Leite e Durão Barroso, que, na parte penosa da Legislatura, tentou, ainda que eu não concorde com algumas políticas, estancar o défice e reformar o País. Com isto só posso concluir que o regresso do PSD à vida política pode ser a única tábua de salvação do "centrão" político, que é, goste-se ou não, a única força portuguesa capaz de governar Portugal. Santana não serve, Sócrates também não e o grande vencedor das eleições de daqui a 38 dias será, não tenham dúvidas, o ficar em casa. Vamos a ver se não ultrapassa os 50%, porque isso seria grave para a legitimidade do próximo governo.

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